Energia solar: uma aliada da adaptação e da mitigação climática em momentos de eventos extremos

Março 2023

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As fortes chuvas que atingiram o litoral norte de São Paulo durante o Carnaval de 2023 deixaram um rastro de destruição: pelo menos 65 pessoas morreram e mais de 4 mil ficaram desabrigadas ou desalojadas. Muitas dessas famílias perderam tudo o que construíram ao longo de uma vida de trabalho e não sabem se conseguirão retornar para suas casas — tampouco como reconstruir o que foi destruído. As imagens de inundações e deslizamentos, cada vez mais comuns no Brasil durante o verão, ganharam contornos ainda mais dramáticos com o alerta do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden): o volume acumulado de 682 mm de chuva em 24 horas registrado em Bertioga (SP) foi o maior já medido no país, superando o recorde anterior da tragédia de Petrópolis (RJ), em 2022, com 530 mm.

A série histórica de registros meteorológicos mostra que as tempestades estão se tornando mais intensas e frequentes. Desde outubro de 2021, o Brasil já contabiliza 11 desastres provocados por chuvas intensas, com quase 500 mortes por enchentes ou deslizamentos — número que não inclui as vítimas do mais recente desastre no litoral paulista. De acordo com o Cemaden, existem hoje cerca de 40 mil áreas de risco mapeadas no país, onde vivem mais de 10 milhões de pessoas.

Essas condições geológicas e sociais precisam ser consideradas com seriedade no planejamento urbano, especialmente porque áreas vulneráveis continuam sendo ocupadas sem fiscalização adequada.

É hora de parar de culpar a natureza — e agir

Apesar dos números alarmantes, o Brasil ainda não conta com uma política pública eficaz para prevenir novas tragédias e salvar vidas. O Cemaden informou que o governo do estado de São Paulo e a prefeitura de São Sebastião foram alertados com dois dias de antecedência sobre o risco de desastre, incluindo menção direta à Vila do Sahy, onde mais de 30 pessoas morreram. No entanto, moradores afirmam que não foram avisados pela Defesa Civil e que não houve qualquer pedido para deixarem suas casas.

Especialistas apontam que as mensagens de alerta não são claras o suficiente, e a população não sabe como reagir, pois não recebeu o treinamento adequado. É preciso parar de responsabilizar fenômenos naturais e reconhecer que muitos dos chamados "desastres naturais" são, na verdade, desastres sociais. Políticas públicas efetivas podem prevenir os piores cenários e mitigar os impactos.

Com o agravamento da crise climática, torna-se urgente adotar um modelo de desenvolvimento sustentável que inclua políticas de redução de risco, adaptação climática e transição energética justa.

Intensificação da crise climática e a urgência da ação

As mudanças no clima global, impulsionadas pelo aquecimento da atmosfera terrestre, provocam eventos cada vez mais extremos, como as chuvas intensas que vimos em Bertioga. Para enfrentar esses efeitos, é necessário agir em duas frentes: mitigação e adaptação.

Na agenda de mitigação, o foco é reduzir a concentração de gases de efeito estufa (GEE), responsáveis pelo aquecimento global. Entre as ações prioritárias estão:

  • Redução das emissões, por meio da transição energética para fontes limpas e de baixo carbono;
  • Reflorestamento e regeneração de ecossistemas, como florestas e manguezais, que capturam carbono da atmosfera.

Na agenda de adaptação, o objetivo é se preparar para os impactos que já estão acontecendo e que tendem a se intensificar. É fundamental:

  • Criar planos de adaptação climática;
  • Investir em moradias dignas e seguras para retirar famílias de áreas de risco;
  • Promover educação e treinamento comunitário, sistemas de alerta por sirenes, rotas de evacuação sinalizadas e locais seguros;
  • Realizar obras de drenagem e saneamento básico;
  • Incentivar o reflorestamento de encostas, pois as árvores ajudam a conter a erosão e evitam deslizamentos, além de capturar CO₂ da atmosfera.

O papel da energia solar

A energia solar é uma aliada poderosa nas agendas de mitigação e adaptação à crise climática.

Pelo lado da mitigação, trata-se de uma fonte renovável, limpa e abundante, que ajuda a reduzir as emissões de gases de efeito estufa. No Brasil, a dependência das hidrelétricas — afetadas pelos períodos de seca, cada vez mais intensos — tem levado ao acionamento de usinas térmicas poluentes. A energia solar reduz essa dependência e diversifica a matriz elétrica nacional.

Pelo lado da adaptação, a geração distribuída — aquela feita próxima ao local de consumo — aumenta a resiliência das comunidades em momentos de crise. Em áreas remotas ou com infraestrutura precária, isso pode significar a diferença entre o funcionamento de equipamentos essenciais ou o completo colapso da vida cotidiana.

Com o aumento das temperaturas médias, cresce também a necessidade de conforto térmico, especialmente para a saúde e o bem-estar das populações vulneráveis. Mas o uso de ventiladores, ar-condicionado e geladeiras encarece a conta de luz. Com sistemas solares on-grid, as famílias podem gerar parte da energia que consomem e receber descontos na fatura. Já com sistemas off-grid (fora da rede) ou híbridos com baterias, é possível garantir energia mesmo durante falhas no fornecimento, como em enchentes ou tempestades que derrubam a rede elétrica — como ocorreu no litoral norte de SP.

Esse modelo descentralizado e resiliente fortalece a segurança energética e garante maior autonomia às comunidades, especialmente em contextos de emergência.

A atuação da Revolusolar

A Revolusolar nasceu com o propósito de promover o desenvolvimento sustentável de territórios vulneráveis por meio da energia solar, levando em conta aspectos sociais, econômicos e tecnológicos.

Por isso, temos buscado diálogo com governos municipais, estaduais e federal para incluir a geração solar distribuída em programas habitacionais e projetos nas comunidades. Nosso objetivo é oferecer:

  • Melhor qualidade de vida;
  • Redução dos gastos com energia;
  • Aumento da resiliência climática para as populações que mais precisam.

Acreditamos que é possível — e urgente — desenvolver políticas públicas que enfrentem com seriedade a crise climática, trazendo mais dignidade, segurança e justiça social para quem hoje vive nas áreas mais expostas aos riscos.